domingo, 10 de abril de 2011

Acalantos

Tutu Marambá
Os acalantos são canções de ninar, de caráter nacional na estrutura melódica e nos textos, embora muitos estudiosos lhes atribuam também origem portuguesa.
É que nos textos por vezes se intercalam quadras igualmente usadas naquele país.

De melodia simples, com uma forma de canto bastante rudimentar, os acalantos podem apresentar letra onomatopaica, propiciando a necessária monotonia para adormecer a criança. O acalanto mais popular talvez seja o Tutu Marambá.

Tutu Marambá

Em 1929 Joubert de Carvalho mostrou para Olegário Mariano as melodias para dois poemas seus, o Cai, cai, balão e Tutu Marambá, gravadas por Gastão Formenti, dando início a uma parceria de 24 composições.

Pregões

Vassoureiro apregoando.
Os pregões também podem ser considerados próximos aos cantos de trabalho. São anúncios musicais feitos pelos vendedores de rua; em geral, cantos simples, contendo às vezes duas ou três palavras, com forma melódica estreita e ritmo livre.
Há dois tipos: os individuais, em que o vendedor ambulante cria uma maneira própria de apregoar a mercadoria, usando melodias com as de emboladas, modinhas, maxixes e sambas; e os genéricos, usados por todos os vendedores de determinado artigo — é o caso dos vassoureiros e vendedores de garrafas vazias do Rio de Janeiro RJ. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Vissungos

Vissungos do Serro e Diamantina.
Os vissungos (ou viçungos), cantados pelos negros trabalhadores das lavras de diamante, em São João da Chapada (distrito de Diamantina MG), constituem outra modalidade de canto de trabalho, hoje ao que parece em decadência.
Havia cantos especiais para a manhã, o meio-dia e a tarde, e as cantigas eram às vezes de teor religioso. As letras contêm palavras portuguesas e de língua africana deturpada.

Os vissungos, em geral, dividem-se em boiado — solo feito pelo mestre, sem qualquer acompanhamento — e dobrado (resposta dos outros trabalhadores, em coro), às vezes acompanhada de ruídos dos instrumentos usados na tarefa.

Aboio

Aboio. 05/abr/1938 - Fazenda São José, Patos (PB) - Fotógrafo: Luis Saia
O aboio é um dos mais conhecidos entre os cantos de trabalho rural, é o canto monocórdio, sem palavras, geralmente calcado na prolongação de vogais (o, e, a).  ouvir
São melodias lentas, improvisadas, que se estendem infinitas e melancólicas, como o canto dos varejeiros de barcos do rio São Francisco, dos comboieiros, dos trabalhadore das fainas agrícolas (batedores de arroz, por exemplo).

Canto dos carregadores de piano

Grupo de “carregadores de piano” - 18/fev/1938 - Recife (PE) - Fotógrafo: Luis Saia
O canto-dos-carregadores-de-piano, muito comum no Recife PE, era puxado por um solista e respondido pelo coro (os outros carregadores).  ouvir ouvir ouvir ouvir
Havia ainda os cantos de colheita do arroz e do cacau; os de socar pilão e os de peneirar café; os cantos de engenho, entoados pelos escravos negros durante a moagem da cana etc.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira; http://www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/missao/fotos_frameset.html.

Cantos de trabalho

Os cantos de trabalho são cantigas que acompanhavam o trabalho, regulando e coordenando os movimentos do corpo.
Há no Brasil grande variedade de cantos de trabalho, remontando a maioria ao período colonial, quando a mão-de-obra escrava foi amplamente empregada na lavoura, na mineração e na cidade.

Hoje, parte considerável desses cantos se encontra extinta, dado o processo de modernização. Em geral trata-se de expressões musicais primária e simples, constituídas por onomatopéias como ei!, ai!, ó!, hum! — interjeições de estímulo e reforço.

Cantos de bebida

Os cantos de bebida são canções profanas, espirituosas ou maliciosas, entoadas em grupo durante festas, casamentos, batizados etc., com a finalidade de comprovar a resistência dos participantes às bebidas alcoólicas.

Afora o costume do Vira-vira (“primeira bateria / vira, vira, vira / vira, vira, vira / virou!”, cantam os participantes a cada copo virado de um só trago), não se registram no Brasil legítimos cantos populares de bebida.

Isso se explica pelo fato de a bebida nunca ter assumido no país conotações de diversão socializada ou lazer organizado.