sábado, 9 de abril de 2011

Cantor popular

Apesar do exemplo isolado do mulato carioca Domingos Caldas Barbosa que, a partir de 1763, surgiu em Portugal cantando modinhas e lundus de sua autoria, ao som de uma viola de cordas de arame, a figura do cantor de música popular produzida para a gente das cidades só apareceu no Brasil em meados do séc. XIX.

Aqui cabe também uma descoberta recente (e que, certamente as mulheres vão adorar, quando uma mulata armará controvérsias de quem era "popular") de uma moça denominada "Lapinha", e batizada pelo nome de Joaquina Maria da Conceição Lapa, cantora, que viveu no Rio de Janeiro, entre fins do séc. XVIII e inícios do séc. XIX  e que foi uma espécie de "Carmen Miranda" naqueles tempos:

Cantochão

O cantochão (do latim "cantus planus") é o nome dado ao canto gregoriano, música uníssona eclesiástica cultivada antes do aparecimento da harmonia, e que continuou a ser praticada, tanto na Europa como na América e Brasil colonial.

Paralelamente à música polifônica ou homófona, é uma manifestação de religiosidade não impregnada de nenhum profanismo e como padrão de alto nível de uma capela de música das catedrais.

Por isso os estatutos das catedrais, no Brasil colonial, continham sempre regras específicas para a organização do coro e a participação dos padres cantores de cantochão nas respectivas funções.

Evidentemente, o resultado hierático dessa música não mesurada (do latim "non mensurata"), além das funções sociais, tinha ainda a de preservar a pureza da música religiosa mais remota.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira.

Cantigas de mendigos

As cantigas de mendigos ou cantos de pedintes, a exemplo dos pregões, visam não a uma regularização ou acréscimo da atividade do trabalhador, mas à obtenção de um resultado que se deseja conseguir de outrem.
Os cantos de pedintes mais característicos são os dos cegos de rua. Monótonos e tristonhos, constituem uma tradição portuguesa.

Nas feiras nordestinas ainda se conserva vivo o costume dos cegos pedintes. Alguns tocam instrumentos, outros cantam em dueto ou isoladamente, pedindo esmolas numa súplica plangente e anasalada.

Alguns exemplos recolhidos pelo folclorista Rossini Tavares de Lima, publicado em Abecê do folclore (4ª edição, São Paulo, Ricordi, 1968, p.206):

Cantador

Cego Aderaldo
O cantador é um cantor itinerante que se exibe, acompanhado de viola, nas ruas, feiras, quermesses e vaquejadas (rodeios) em cidades e regiões rurais do Nordeste, Leste e Centro do Brasil. Também chamado violeiro.
Espécie de poeta popular, o cantador divulga versos próprios ou de outros autores populares.

Conforme  Câmara Cascudo, “é um representante legítimo de todos os bardos, menestréis, glee men (...), dizendo pelo canto, improvisado ou memorizado, a história dos homens famosos da região, os acontecimentos maiores, as aventuras de caçadas e de derrubadas de touros, enfrentando os adversários nos desafios que duram horas ou noite inteiras, numa exibição assombrosa de imaginação, brilho e singularidade na cultura tradicional”.

Canoa (2)

A canoa é uma dança de fandango, semelhante à cana-verde, muito encontrada em Ubatuba SP, Parati RJ e Cunha SP.
Pertence, pois, à cultura popular do vale do Paraíba, que abrange cidades do Estado do Rio de Janeiro, inclusive litorâneas.

Os dançadores se distribuem em roda da mesma forma que na cana-verde (cada homem atrás de uma dama). Fazendo meia volta, o cavalheiro dá o braço à dama que tinha atrás de si, passando a valsar com ela. Nesse momento, os violeiros apenas tocam, sem cantar. A um sinal, os homens fazem meia volta e, novamente de costas para as damas, vão andando ritmadamente na roda que gira no sentido dos ponteiros do relógio.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Canoa

A canoa é um jogo musical puro, sem participação da dança, encontrado em Goiás.
Assim é descrito por Americano do Brasil:

“Posta-se no meio da sala o violeiro; doze cantores se aproximam dele, sentam-se ao chão com as pernas estendidas, pés contra pés, em torno das canelas do violeiro. Este pende o corpo sobre um dos cantadores, que o sustém com as palmas da mão e num movimento o arremessa à direita ao seu imediato, que o impele para o vizinho, e assim, num rodar vertiginoso, o violeiro toca e canta:

‘A canoa virou, / lá nas ondas do mar’ — e os cantores todos respondem em coro: ‘É porque a mãe Maria / não sabe remar’.

Seguem-se outros versos, e a perícia do violeiro".

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Canjenjera

No Uruguai os 3 tambores usados no
Candombe são: piano, chico e repique.
O canjenjera é (ou era) um tambor usado no (talvez extinto) candombe do Rio Grande do Sul.
Membranofone de percussão: tambor de uma "pele" com 13 polegadas de diâmetro amarrada ao "casco" de madeira com cerca de 20 polegadas de comprimento usado na dança do candombe (semelhante ao batuque), tocado junto com os tambores "tibitibi" e "santo antonio" no Estado do Rio Grande do Sul.

Falando em candombe, segundo Paixão Cortes e Barbosa Lessa, essa manifestação curcunscrita na região gaúcha, acabou por não adquirir maior significado no Brasil, logo caindo em desuso (ao contrário do vizinho Uruguai).

O informante desses autores exibiu ainda diversos ritmos, tocados em velhos tambores, aos quais chamava de canjenjera, tibitibi e santo-antônio.

Fontes: Dicionário de percussão (Mário D. Frungillo) - Editora Unesp; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora, Tambores do Candombe - Cuerda.

Canivete

Recife - PE, século XIX
Canivete é a denominação de pequenas festas familiares de Recife, Pernambuco, na primeira metade do séc. XIX, em que predominava o canto de lundus e, na coreografia, umbigadas, chamadas pungas. Também chamado de facão.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Cangá

O cangá é um instrumento musical de origem africana constituído por uma cana ou bambu, de extremidades fechadas pelos próprios gomos do vegetal, dotado de um orifício.

Não há maiores informações bibliográficas.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Novo dicionário banto do Brasil (Nei Lopes) - Pallas Ed. e Distr.

Candongueira

A candongueira é um atabaque, medindo 80 a 100 cm de comprimento e 30 cm de diâmetro, percutido delicadamente, com as pontas dos dedos — “arranhando”, segundo expressão dos próprios tocadores. 
Para tocar, o executante monta o instrumento deitado.

Usado nas danças folclóricas do interior paulista, principalmente no jongo. Às vezes, apresenta-se com forma afunilada, ainda conhecida por quinjengue. Também chamada candongueiro, joana, mãe-joana, angona. 

Fonte: Enciclopédia Brasileira da Música - Art Editora;