quinta-feira, 14 de abril de 2011

Capoeira

A capoeira é uma luta trazida ao Brasil pelos negros bantos (de Angola) e que no século XX se converteu em jogo coreográfico. Exige muito mais destreza e rapidez de reflexos do que força bruta, ocupando principalmente as pernas e os pés.
No século XIX, era o meio de defesa e ataque por excelência entre a população escrava ou pobre, chegando a causar preocupações à polícia carioca e baiana. 

Os capoeiras cariocas usavam como distintivo um anel na gravata e se dividiam em dois grupos, guaiamus e nagôs; os baianos preferiam uma argolinha de ouro na orelha esquerda.

Hoje, praticamente morta no Rio de Janeiro e no Recife, a capoeira sobrevive na Bahia onde, sem ter deixado de ser luta, tornou-se também jogo, muito menos agressão do que bailado, embora os capoeiras autênticos ainda conheçam técnicas de luta altamente perigosas.

Assim, tendo perdido seu caráter original (defesa pessoal), e passando a ser uma das atrações turísticas da Bahia, o jogo é hoje chamado pelos próprios capoeiras de vadiagem, com o sentido de divertimento, brincadeira. Além disso, a capoeira já está assimilando golpes de jiu-jitsu, boxe e luta romana

Um dos golpes mais famosos da capoeira é o ou auô, salto mortal em que um dos jogadores se atira de cabeça sobre o outro. Há ainda o balão, em que um dos contendores é arremessado para trás, por cima da cabeça do outro; o rabo-de-arraia, que consiste em se apoiar no solo com as mãos e girar o corpo, derrubando o adversário com as pernas; a rasteira, que é uma “raspa” para deslocar um dos pés do oponente; e muitos outros, menos conhecidos. 

A capoeira principal é a capoeira-de-angola, as outras constituem variações dela: angolinha, são-bento- grande, são-bento-pequeno, jogo-de-dentro, jogo-de- fora etc. Apresentam diferenças bastante pequenas, às vezes uma simples variação na maneira de tocar o berimbau — instrumento principal no acompanhamento da luta. 

Existem outras variedades de capoeira, denominadas batuque ou batuque-boi (Bahia), pernada carioca (Rio de Janeiro) e bate-coxa (Alagoas). Qualquer que seja o nome da capoeira, sempre tem acompanhamento musical: berimbau, ganzá (reco-reco) e pandeiro. Há ainda o caxixi, que é usado pelo tocador de berimbau. 

Um solista tira o canto e o coro responde com um refrão curto, constituído pelo último verso inteiro ou parte dele ou, ainda, pela última palavra do solista. Pode ou não haver o preceito, canto entoado antes de iniciar o jogo e durante o qual os lutadores entram na arena e ficam agachados em frente aos músicos, sem poder falar. Os espectadores dizem que nesse instante os capoeiras estão rezando ou esperando o santo” — o que demonstra o caráter fetichista da luta. Quando não há o preceito, os capoeiras simplesmente entram na roda, benzem-se, olham-se e iniciam a luta. À medida que esta se desenrola, o ritmo das cantigas vai-se acelerando. 

É importante observar que a música, na capoeira, não tem função meramente decorativa: antes serve de força ativadora das energias dos capoeiras. Essa força está justamente no aumento progressivo e repetitivo do ritmo das cantigas, que acabam exercendo influência como que hipnótica ou enfeitiçante, capaz de conduzir a um transe, estado de embriaguez semelhante ao dos candomblés. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

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