quinta-feira, 10 de março de 2011

Baião

O baião, originalmente, no mundo rural, era “pequeno trecho musical executado pelas violas nos intervalos do canto no desafio”, compondo o chamado rojão, segundo o folclorista Câmara Cascudo. Surgiu como gênero de música popular urbana em 1946 com o sucesso da composição Baião, de Luiz Gonzaga com versos do advogado cearense Humberto Teixeira: “Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o balão..."



Caracterizado musicalmente, conforme observação do maestro Batista Siqueira, por introdução percussiva que “evita a sincopa”, a que se sucede a “frase melódica depois de pequena pausa”, o baião transformou-se no inicio da década de 1950 em ritmo internacional de massa (o baião instrumental Delicado, executado ao cavaquinho por seu autor, Waldir Azevedo, receberia versões orquestrais dos maestros norte-americanos Stan Kenton e Percy Faith na década de 1950), contribuindo até mesmo para a menção especial à música do filme O cangaceiro, de Lima Barreto, no Festival de Cannes, França, em 1953.

Passando então a sofrer no exterior a concorrência das imitações desvirtuadas (o Baião de Ana, cantado pela atriz Silvana Mangano no filme italiano Arroz amargo, 1949, de Giuseppe de Santis, era de autores locais, V. Roman e F. Gionda), e no próprio Brasil, a do ritmo do rock-and-roll, que viria a dominar o mercado internacional desde os anos de 1960, o baião sai de moda para figurar apenas, sem maior destaque, entre os gêneros cultivados nos forrós.

Até o advento da bossa nova, foi o gênero brasileiro mais influente no exterior — as pesquisas de ritmos latino-americanos feitas pelos produtores discográficos nos EUA incluíram o baião — e grandes sucessos internacionais, como Save the last dance for me, de Doc Pomus e Mort Shuman (1960), lançada pelo grupo The Drifters, têm marcação rítmica do baião, inclusive utilizando o triângulo. O próprio pop rock inglês tipificado pelos Beatles tem forte influência do baião em sua marcação rítmica, bastando conferir gravações de sucesso como She loves you, de John Lennon e Paul McCartney (1963).

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

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