segunda-feira, 18 de abril de 2011

Carreira

A carreira, também chamada linha, é a seqüência de versos cantados, com rima única e obrigatória em todas as estrofes: “Esta minha cantoria / É ouro que não mareia! / O home que canta bem / A rima nunca vareia; / Não posso me acostumar / Com o vento açoitando o mar / E as ondas beijando a areia etc.
As carreiras mais conhecidas são: em a, em eia, em e, em aia, em ão (carreira de São João), em ado (do Sagrado), em ino (do Divino), em ia (do dia) etc. Podem ser com ou sem fundamento: as fundamentadas, que encerram verdadeiras adivinhas, são hoje bastante raras.

Ocorrem em desafios, modas, toadas e em danças cantadas, como o batuque, o jongo, o cururu etc.

Carreirista é denominação que recebe o cantador de carreira no batuque paulista. Esse tipo de cantador geralmente não costuma cantar a moda, mas apenas porfiar (disputar) com outro cantador: o carreirista canta uma estância em determinada carreira ou linha e aguarda a resposta do adversário. No jongo o cantador de carreira também aparece, fazendo porfia e canto de visaria, desafio com contestação e réplica.

O cururu

Existem três manifestações denominadas cururu no imenso campo de atuação da cultura caipira: o cururu mato-grossense, canto e dança religiosa, acompanhado de instrumentos como a viola de cocho e o mocho; o cururu, caruru ou cajuru, dança de roda paulista, pouco observada hoje em dia, com exceção das festas de São Gonçalo, mas bastante documentada pelos estudo do passado; e, finalmente, o cururu desafiado, gênero poético improvisado, das regiões centrais Estado de São Paulo. 

Inicialmente desenvolvido como um longo discurso versando sobre passagens da Bíblia, expressão da profunda religiosidade católica dos caipiras, o cururu, hoje, desenvolve-se como uma modalidade de disputa de caráter exclusivamente lúdico. 

São formadas equipes com dois ou mais canturiões (bons cantadores de cururu; os maus são denominados canturinos) acompanhados de violão ou viola, pandeiro ou chocalho e, às vezes, até mesmo um surdo de marcação. Definida a carreira, regra que define a rima sob a qual o canturião terá que desenvolver o seu discurso (Carreira do Divino, versos terminados em INO; Carreira de São João, terminados em ÃO; Carreira do Sagrado, terminados em ADO; e, assim por diante), inicia-se a cantoria por um dos contendores, que terá um tempo para falar ao público de suas qualidades, enquanto vai desancando as qualidades dos oponentes. 

Terminada sua falação é a vez da resposta dos demais desafiantes, que, assim, vão se sucedendo a noite toda. O cururu desafiado ainda é muito praticado nas cidades de Sorocaba, Tietê e Piracicaba e seus entornos regionais. Em todos estes locais existem programas de rádio específicos para o público do cururu, que atualmente começa a ter alternativas também na programação televisiva local. 



Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Fundação Tide Setúbal - Notícias.

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